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A incrível tarefa de ensinar alunos com deficiência

Método pedagógico utilizado na Associação Juliano Varela estimula o aprendizado e a inclusão social

A arte de ensinar é uma atividade que não requer só dom, mas também muito dedicação e paciência, e quando o assunto é lecionar para alunos com deficiência, essas qualidades precisam ser triplicadas.  Isto é o que podemos comprovar quando acompanhamos os professores que lecionam na Associação Juliano Varela, instituição, sem fins lucrativos, especializada em educação especial para pessoas com Síndrome de Down, autismo e microcefalia.

Com 16 anos de trabalho desenvolvido dentro da Juliano Varela, a pedagoga e hoje coordenadora pedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental, Regina Gaúna, conta que, além do preparo didático, o requisito principal para se ensinar alunos com deficiência é o amor. “Em primeiro lugar, o professor tem que gostar e acreditar no aluno, na pessoa com deficiência. Ele tem que acreditar e saber que o aluno tem potencial”. Regina explica que para ensinar alunos com deficiência intelectual é preciso uma dose extra de paciência pois eles aprendem através da repetição.  “A pessoa com deficiência apende com repetição. Todos os dias os professores precisam fazer a repetição, incansavelmente, para isto, utilizamos jogos, leituras e brincadeiras lúdicas”.

Outro ponto forte no sistema de ensino desenvolvido na Juliano Varela é o PEI – Plano Educacional Individualizado, elaborado, semestralmente, para cada aluno e que tem como objetivo nortear o trabalho pedagógico das professoras. A Diretora Pedagógica da JV, Silvana Ramos, ressalta a importância deste olhar individualizado para o aprendizado da criança. “Cada estudante aprende de forma diferente, por isso, nós temos um plano de ensino para cada aluno, individualizado, de acordo com suas necessidades e especificidades”.

Fundada há 29 anos, a Associação Juliano Varela, em Campo Grande, é especializada em educação especial e atende cerca de 219 alunos distribuídos entre Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA .

 

Método ABACADA

O método didático utilizado no processo de alfabetização na Associação Juliano Varela é o ABACADA, desenvolvido, especialmente, para ensinar pessoas com deficiência, e que tem base no sistema fônico, ou seja, o método se baseia no som das silabas e, em um primeiro momento, é associada a uma imagem. O desenvolvimento deste método está́ atrelado aos benefícios de se trabalhar com o desafio de forma lúdica, na utilização de vários jogos de sílabas, palavras, frases e textos. Evidências vêm demonstrando que esta forma de trabalhar colabora para o desenvolvimento cognitivo, a autonomia e a construção da autoestima

“O ABACADA é bem simples, mas, porém, muito eficaz, porque ele é um método fônico, como a antiga cartilha Sodré, que trabalha primeiro a vogal A, que vira silabas ‘ba’, ‘ca’, ‘da’ e assim por diante. Utilizamos alfabeto móvel e imagens para associação”, explica a coordenadora pedagógica.

 

Contribuição positiva

 

Um dos alunos atendidos pela Juliano Varela é a Jade. Ela começou na instituição com apenas 3 meses de idade, na estimulação precoce. Hoje, aos 14 anos, a mãe, Selma Aparecida Borges, conta que colocar a Jade na Juliano Varela foi a melhor coisa que ela poderia fazer pela sua filha. “A Juliano Varela ampliou demais o desenvolvimento da minha filha. A professora dela é muito competente. A Jade está conseguindo ler, está se apropriando da leitura e da escrita, está entendendo as palavras, e isto é de fundamental importância, porque a parte social ajuda muito, mas também precisa do aprendizado, o que ela está conseguindo desenvolver muito bem”, ressaltou Selma.

Além da parte educacional, Jade, que também estuda na escola regular, recebe atendimento multidisciplinar no contraturno escolar, na Juliano Varela, com acompanhamento fonoaudiólogo e atividades esportivas e de artes. “É uma rede de profissionais que colaboram muito para o desenvolvimento dela. A gente vê o cuidado, a responsabilidade e a preocupação com o aprendizado das crianças e adolescentes. Eles não estão na Juliano Varela pelo fato de estar, eles estão lá com o objetivo de desenvolver o aprendizado”, declarou a mãe da Jade, acrescentando “A ida da Jade para a Juliano Varela só contribuiu positivamente para desenvolvimento e a aprendizagem dela. Portanto, se depender de mim, ela vai ficar aí muitos anos ainda”.

 

Histórias que inspiram

 

Em seus 16 anos como pedagoga na Juliano Varela, Regina Gaúna coleciona várias histórias que reforçam seu amor pela profissão escolhida. Fatos, muitas vezes simples para a maioria da população, mas de grande avanço para o aluno com deficiência. Ela nos conta aqui, uma dessas histórias.

“Todo professor que está aqui dentro tem uma história para contar. Eu, quando lecionava, tive um aluno que não andava, ele quicava (se arrastava no chão), eu parei e falei, esse menino sabe andar, ele precisa andar. Então, eu comecei a propor atividades pedagógicas onde toda a turma caminhava, inclusive ele, como, por exemplo, levar os desenhos para serem afixados na parede. Eu fazia o trabalho pedagógico ao mesmo tempo que o incentivava caminhar. Eu sabia que ele ia conseguir. Foi um trabalho intenso, e, em um mês, ele começou a andar e nunca mais quicou. Para mim, foi um marco, porque não iria adiantar preparar ele para ler e escrever se ele não conseguia nem andar. O aluno para ser alfabetizado tem que se reconhecer primeiro, conhecer o seu esquema corporal. Isto me marcou demais, porque foi uma grande conquista para ele e para mim também. Aqui dentro da Juliano Varela, todo dia é um aprendizado. Cada dia é um dia, e a gente aprende muito mais com eles do que ele com a gente”.

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